A OMS pretendia classificar a velhice como doença e causa controvérsia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pretende incluir a velhice na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). A mudança vai ocorrer na 11º edição do CID, que deve ser publicada em janeiro de 2022 e se tornar oficial em um prazo de dois anos.




Envelhecer é parte da vida humana, uma parte inevitável a menos que se morra antes. Embora pareça ser uma obsessão moderna, a busca pela juventude é muito mais antiga do que percebemos. Desde que o mundo é mundo, o homem tenta reverter (ou, pelo menos, sonha com isso) o processo de envelhecimento. Uma boa evidência disso são os diversos mitos sobre “fonte da juventude”, supostas águas nas quais aquele que se banha passa a viver em juventude eterna.

Robert Jakob, que chefia a equipe de classificação dos termos da OMS, diz que a mudança não torna a velhice uma doença, mas sim uma condição e que na prática pouca coisa muda. A confusão ocorre pois a CID é usada como classificação de doenças.

“O rótulo “velhice” substitui “senilidade”, usado na CID-10. A decisão resultou de discussões que apontavam para a conotação cada vez mais negativa de “senilidade” nos últimos 30 anos”, explicou.

No entanto, especialistas criticam que a medida pode levar a um erro no diagnóstico de mortes de idosos. Se a maior parte dos óbitos de pessoas com mais de 60 anos forem classificados como velhice isso pode gerar problemas nos dados. Além disso, a proposta não é clara em relação a idade necessária para que a pessoa seja considerada velha.

Em Moçambique por exemplo, O corte etário oficialmente utilizado para a identificação dos idosos em Moçambique foi definido na Resolução nº 84/2002 (GdM 2002) considerando idosas as
pessoas do sexo feminino com mais de 55 anos de idade, e as pessoas do sexo masculino maiores de 60 anos de idade.

O CID é publicado desde 1900 e já passou por diversos ajustes. A próxima edição será a de número 11 e deve contar com a mudança. “Há mais de uma década em desenvolvimento, a CID-11 oferece melhorias significativas em relação às versões anteriores. Pela primeira vez, é completamente eletrônica e possui um formato que facilita seu uso. Houve um envolvimento sem precedentes de profissionais de saúde, que se juntaram em reuniões colaborativas e submeteram propostas. A equipe da CID na sede da OMS recebeu mais de 10 mil propostas de revisão”, disse o presidente da OMS, Tedros Adhanom, no anúncio.

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